Helena Wladimirna Antipoff

Pioneira na introdução do ensino dos excepcionais

Foto da Helena Antipoff

Helena Wladimirna Antipoff nasceu no dia 25 de março de 1892, em Grodno, na Rússia, filha do General Antipoff, diretor da Academia Militar e de Sofia Antipoff, professora de grego, com ideias progressistas.

Grande pesquisadora e educadora da criança com deficiência, Helena Antipoff foi pioneira na introdução da educação especial no Brasil, onde fundou a primeira Sociedade Pestalozzi, iniciando o movimento pestalozziano brasileiro, que conta, atualmente com cerca de 100 instituições. Seu trabalho no Brasil é continuado pela Fundação Helena Antipoff.

“Todo movimento, sem ciência, é mera agitação.”
Helena Antipoff

Psicologa e Pedagoga

Helena Antipoff veio para o Brasil, em 1929, a convite do Secretário de Educação e Saúde Pública do Estado de Minas Gerais, Francisco Campos, no governo de Antônio Carlos de Andrada, para ser professora de Psicologia Educacional na Escola de Aperfeiçoamento de Minas Gerias. Fundou em Belo Horizonte o 1º Laboratório de Psicologia Aplicada na América do Sul. Esse Laboratório, sob sua direção, promoveu a organização das classes nos grupos escolares de Belo Horizonte e em diversos outros grupos no interior do Estado, de acordo com o critério do desenvolvimento mental, da idade cronológica e da escolaridade. A existência de um grande número de excepcionais tornou-se assim patente, e daí surgiram as classes especiais e a criação da Sociedade Pestalozzi de Minas Gerais em 1932.

Foto da sua personalidade

Nos últimos anos de vida, e ainda como decorrência da experiência do Rosário, Antipoff desenvolveu uma preocupação especial para com a descoberta de talentos e a educação dos bem-dotados. Pensava que, em um país como o Brasil, a precariedade das condições de vida da população pobre e a falta de um sistema educacional realmente universal tinham como conseqüência a perda de um grande contingente de indivíduos talentosos, bem-dotados, que poderiam contribuir para a comunidade mas não o faziam por falta de orientação: “Talento e inteligência não são de geração espontânea, mas precedidos de longo trabalho de gerações: quem será pintor num meio rural, onde a criança nem mesmo tem o direito de usar o lápis de cor?”. É surpreendente, mesmo para a nossa sociedade de hoje, a vigência do pensamento educativo e as experiências pedagógicas de Helena Antipoff.

Foto da sua personalidade

Helena Antipoff – Trajetória no Brasil

1929- Chegada em Belo Horizonte

1929- Laboratório de Psicologia Aplicada criado na Escola de Aperfeiçoamento de Professores – Minas Gerais

1932- Sociedade Pestalozzi de Minas Gerais

1934- Associação de Assistência ao Pequeno Jornaleiro

1939- Início da Formação do Complexo Educacional da Fazenda do Rosário

1943- Primeira publicação e apresentação nas Jornadas Psicológicas, do Teste MM

1945- Sociedade Pestalozzi do Brasil no Rio de Janeiro

1948- Cursos de Treinamento para Professores Rurais

1948- Seminário de Educação Rural

1948- Cursos de Recreação, Teatro Infantil, Psicopedagogia

1948- Escolinha de Arte do Brasil

1949- Escola Estadual “Sandoval Soares de Azevedo” de 1º grau

1954- Movimento das APAES

1955- Fundação Estadual de Educação Rural “Helena Antipoff” (ex-ISER)

1955- Cursos de Formação de Supervisores e Orientadores Pedagógicos para as áreas Rurais

1959- Teste MM, no Congresso Interamericano de Psicologia no Rio de Janeiro

1969- Associação Comunitária para o Desenvolvimento e Assistência

1973- Associação “Milton Campos” para o Desenvolvimento e Assistência às Vocações – ADAV

1974- 9 de agosto – Morre a grande Mestra Helena Antipoff.

Conheça um pouco mais da história da psicóloga e educadora Helena Antipoff

“A educação do pensamento passa pelo trabalho com as mãos.”
Helena Antipoff

Poema de Carlos Drummond de Andrade em homenagem a Helena Antipoff


A casa de Helena

Carlos Drummond de Andrade


Russa translúcida de sorriso tímido
(assim a contemplo na retrovisão da lembrança)
Helena 1929 enfrenta os poderes burocráticos.
Suavemente,
instaura em Minas o seu sonho-reflexão.

Moças normalistas rodeiam Helena.
Traz um sinal novo para gente nova.
Ensina
a ver diferente a criança,
a descobrir na criança
uma luz recoberta por cinzas e costumes,
e nas mais carentes e solitárias revela
o princípio de vida ansioso de sol.

Helena é talvez uma fada eslava
que estudou psicologia
para não fazer encantamentos; só para viajar
o território da infância e ir mapeando
suas ilhas, cavernas, florestas labirínticas,
de onde, na escuridão, desfere o pássaro
- surpresa -
melodia jamais ouvida antes.

Helena reúne
os que não se conformem com a vida estagnada
e com os mandamentos da educação de mármore.
Leva com eles para o campo
uma ideia-sentimento
que faz liga com as arvores
as águas
os ventos
os animais
o espaço ilimitado de esperança.

Fazenda do Rosário: a fazendeira
alma de Minas se renova
em graça e amor, sem juros.
amor ciente de seus fins
de liberdade e de criação.
E essa pastora magra, quase um sopro,
uma folha talvez (ou uma centelha
que não se apaga nunca?) vai pensando
outras formas de abrir, no chão pedrento,
o caminho de paz para o futuro.

Helena sonha o mundo de amanhã,
mundo recuado sempre, mas factível
e em mínimas sementes concentrado:
estes garotos pensativos,
esse outro ali, inquieto, a modelar
engenharias espaciais com mão canhota,
aquele mais além, que se revolta
procurando a si mesmo, e não se encontra
no quadro bitolado dos contentes.
Viajantes sem pouso
no albergue corriqueiro,
Helena os chama e diz: Vou ajudá-los.

Não presidente, não ministro,
aos 80 anos dirige um mundo-em-ser.
A casa de Helena é a casa daqui a 20 anos,
de aqui a 50, ao incontável.
É uma casa pousada em nós, em nosso sangue.
Podemos torná-la real: o risco de Helena
fica estampado na consciência.
E quando Helena 1974 se cala
na aparência mortal,
seu risco viçoso e alegre e delicado perdura,
lição de Helena Antipoff mineira universal.

“Argila, terra, madeira, água e ferramenta farão a criança criar o que seu coração deseja e seu cérebro inventa, em contato com a natureza e inventa, em contato com a realidade”.
Helena Antipoff

Site da Fundação Helena Antipoff neste link

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